COPROCULTURA

Acabo de voltar de viagem durante minhas curtas férias. Eu e minha esposa de certa forma comemoramos o primeiro ano da filha menor, data essa libertadora de esterelizações de mamadeiras e afins. Só pais entendem o significado da diminuição de trabalho que isso representa. Curtimos muito, mas com dois filhos ainda tão dependentes voltamos destruídos de cansaço, bem como também os destruímos, coitadinhos, tivemos muita saudade de colocá-los na rotina novamente.
Pois bem, no último dia, depois da curtição, uma fatídica viagem iniciada por uma van, depois passada para aeroportos e que findaria conosco em nosso carro para o último trecho de mais duas horas até nossa casa. Um dia inteiro do sul ao nordeste do país. Viagens assim fazem as necessidades fisiológicas ficarem embutidas no seu contexto. Logo após o primeiro trecho terrestre, no qual fiquei embrulhado depois de rápido lanche matinal seguido de estrada, resolvi procurar o banheiro. Entrei ao recinto aliviado por ter deixado lá fora a mochila das crianças. Era eu sozinho no meu “número dois”, a glória. Infelizmente, passados dias com ressecamento fecal por pouca ingesta hídrica, fiz aquele conteúdo que saiu macio, mas melando bem. Escutei meu irmão com seu filho na latrina aeroportuária ao lado e ainda o indaguei sobre os lencinhos umedecidos, os quais também foram por ele esquecidos. Para minha tristeza fui traído e traí minha região anal, a qual sofreu com aquele papel lixa incapaz de limpar nas primeiras 10 vezes.
Pois bem, chegamos vivos em casa e ainda abrimos um vinho da viagem para celebrarmos a proeza. No outro dia trabalho e vida normal infelizmente entrecortada por uma fatídica noite disentérica minha no dia subsequente. Nunca me senti tão humilhado com vazamento corpóreo simultâneo de extremidades do trato digestório. Daí por diante passo a ter mais medo daquele famoso ditado : “fulaninho vai acabar na merda”. Fato é que bastou uma coisa assim pra me derrubar o resto da semana. Me senti realmente brasileiro nos dias atuais, na merda. E ainda tive que escutar o nosso “fake president brazileiro” colocar pra fora conteúdo mais fétido que o meu quando participou da abertura de reunião da ONU. Ou seja, minha reclusão forçada em casa me deixou ao menos sem conviver no ambiente de “coprocultura” por mim visitado todos os dias, pois não é nada fácil estar inserido em meio a apoiadores do conteúdo fecalóide cerebral difundido por um político de merda.
Melhor pra mim estar no lar, na minha própria flora bacteriana, limpando meus filhos diversas vezes ao dia. Batendo papos demorados enquanto o de 3 anos tenta desenfezar-se e sujando-me na revolta da minha pequena em ter suas fraldas trocadas. Nesses dias, logo após uma dessas trocas, tentando chegar a lixeira para os descartes usuais de material contaminado, ouvi o barulho de algo caído seguido de um silêncio infantil. A pequena encontrava-se desconfiada ao lado de um buda decepado por um belo impacto no chão. Na idade dela o mais velho já havia nos feito colar essa bela escultura adquirida ainda no tempo de casados solteiros de filhos. Enquanto tentava juntar as partes do buda o mais velho corre com um ovo pela sala e o quebra no chão. Não obstante a pequena corre pra ver de perto e leva um escorregão seguido de queda e choro. Eu e a esposa, depois da última hora dispendida entre afagos e gritos para alimentar essa reduzida trupe, trocamos um olhar de cansaço que resumidamente nos dizia, estamos na merda.
Vida que segue, vinhos e espumantes abertos em algumas noites para comemorarmos a resistência. Como diz um colega, no fim de semana somos “nós contra eles e eles contra nós”. Confesso, estou cansado de perder, mesmo ganhando muito em amor que cresce todos os dias. Fato é que ao menos essa família se respeita e se gosta, apesar do meu desgaste com a birra do mais velho. Ele me faz sentir um merda quando saio dos meus trilhos. Tenho que repetir o mantra de que sou melhor que isso, hei de criar um jogo onde ele entre sem querer sair e saia desejando entrar. Isso é muito difícil de fazer.
Fora minha querida família e poucos amigos, estou na merda na qual o Brasil se tornou. Ontem comi metade do meu almoço e guardei a outra metade para comer assim que houvesse mais tempo. Quando voltei percebo metade da minha carne comida. Fosse ao menos um rato tinha levado a peça inteira. Viver aqui é sofrer com Lula preso enquanto ratazanas vorazmente levam a comida inteira do “povão”. Ademais sigo me abanando para livrar-me de odores, valorizando cada peido depois da diarréia, cada gota de alegria em meus cansativos dias , repetindo o mantra: ” o que é um peido para quem está cagado”.

PS: Minha esposa achou o texto nojento e disse que eu não deveria publicá-lo. Colegas me disseram que faltou filosofia. Pela primeira vez na vida decidi raspar os pêlos que uniam minhas sobrancelhas e fui a cabeleireira que corta os cabelos da família, pois dentre outras coisas lá tinha um banheiro disponível. Ela me perguntou se como num bom exemplar de homem a dor daquela pequena depilada me causaria um “freio de bicicleta”…kkk
Para filosofar um pouco vão algumas preciosidades de porta de banheiro escolar:
-“Nesse lugar tão solitário, onde a vaidade se acaba, todo valente faz força e todo mufino se caga”.
-“Botei o dedo na descarga, o tolete estremeceu, deu três passos de valsa, cumprimentou-me e desceu”.