TEMPO PASSADO
Passado algum tempo sem escrever volto a colocar meus dedos nesse teclado editor de experiências da minha vida. Andei levando um período sem externar tantos pensamentos, o que culminou na perda de algumas ideias e no esquecimento tão natural a todos que não guardam suas palavras.
Pois bem, começo partilhando um casamento por mim presenciado. Faz tempo que não ía a festa tão interessante. Antes dos festejos, no entanto, algumas impressões sobre a cerimônia religiosa. Tratava-se de um pomposo matrimônio, frequentado pelos belos vestidos carregando pessoas dentro, com muito brilho, flores, perfumes e sensações. Igreja lotada, ar condicionado justificando as proezas da tecnologia, burburinho e noiva combinadamente atrasada. Até aí tudo na mais absoluta normalidade, mas uma bela cadeira com dragões reluzentes situada atrás do altar me fazia pensar se os chineses realmente estão dominando o mundo, se o padre se engraçou com uma peça decorativa ou mesmo se aquilo se referia ao São Jorge de que tanto ouvi falar. Com a perda de espaço e fiéis para outras religiões percebo um catolicismo diferente. Resultado disso soa em meus ouvidos com música romântica ao término do beijo dos recém-casados, os quais trocaram declarações de amor onde algo me chama atenção: o rapaz profere discurso onde deixa claro nunca imaginar que ali estaria um dia e jura amor eterno declarando que apartir daquele momento seu objetivo de vida seria fazê-la feliz. Esse parece ser o tipo de comentário que faz os lenços femininos encharcarem. Já eu fiquei com um ditado na cabeça :”o futuro a Deus pertence”.
Dito isso gostaria de dividir alguns conceitos que me chamaram atenção, quais são a ideia de que a razão é pessimista enquanto desejos são sempre otimistas, além do fato de que devemos acrescentar vida aos nossos anos muito mais que anos as nossas vidas. Olhar para um relacionamento hoje em dia me enche de ideias atreladas sim a doação, mas também muito associados ao amor próprio e vontade de partilhar momentos. Pra isso muita introspecção colocada pra fora com a assertividade que só o amor pode te dar para livrá-lo dos gatilhos das diferenças entre seres que pretendem conviver sem indiferença um com o outro.
Há apenas um dia de completar mais um ano vivido fico ainda me indagando sobre certos temas. Recentemente andei me questionando quanto ao fato de exercer altruismo em excesso, mas me percebo como não participante desse grupo de pessoas. O que aparentemente me ocorre é encarar minhas conquistas com pouca valorização aos tijolos por mim carregados em minha construção de vida. A razão me cativa tanto quanto o desejo que tenho de fugir dela. Um pensamento sendo construído em minha mente, certos sonhos são só seus, meus, e devem ser partilhados tão somente quando os outros estiverem preparados para te compreender.. Você é o filtro de sua vida, o grito da sua voz, a dor da sua carne. Certas coisas tem que ser feitas por ti. Perder o tempo querendo dividir o indivisível é como soprar o vento que vem contra o seu corpo. Alguns dizem que o medo de errar é o maior erro.
O tempo passou, fiquei com as cicatrizes e os aprendizados, desejos renovados e vida que segue. Dúvidas novas e ainda conselhos a receber. Milagres não me ocorreram, mas fui feliz mesmo assim. Não adianta esperar o que não vem, nem também correr atrás de coisas que te tiram lascas pelo caminho.